A verdade acerca do medo
- Rafaela Santo
- 5 de nov. de 2021
- 3 min de leitura
Quando pensamos em medo, tendemos a pensar em imagens de horror, cenários aterrorizadores, experiências paranormais, assassinos e monstros sedentos de sangue.
Pensamos nas nossas piores fobias.
Pensamos em destruição e morte.
Mas, na realidade, o medo quotidiano pode ser muito mais subliminar e ainda assim, causar bastantes danos.

O que é o medo?
Eu adorava conseguir dar uma resposta concreta, exata e final a esta pergunta, mas as emoções são coisas incrivelmente confusas que nada têm de exato. Estão em constante mudança e adaptação. Variam e alteram-se a cada pessoa e a cada situação. Então, o que irão encontrar aqui é uma tentativa de expor esta emoção de uma forma geral.
(Se sofrem de fobias, ansiedade ou pensamentos negativos, devem procurar um profissional que possa identificar especificamente a vossa dificuldade, este será capaz de vos ajudar a encontrar soluções que atendam às vossas necessidades concretas.)
Nos livros, irão descobrir que o medo é uma das nossas emoções básicas. Uma resposta evolutiva, com a qual todos os animais nascem, que nos protege do perigo como forma de auto preservação.
Na sua forma mais elementar, o medo foi o instinto que manteve os nossos antepassados vivos e ainda hoje nos protege de tomar más decisões.
Portanto, embora estejamos a falar de uma emoção por norma desconfortável, à qual geralmente damos uma conotação negativa, o medo, na sua essência, não é mau.
Na verdade, é uma emoção necessária e essencial para a nossa sobrevivência.
No entanto, como em tudo na vida, quando é excessivo, pode tornar-se um problema.
O medo é uma emoção incrivelmente única, pois tem a capacidade de nos paralisar, obstruir pontos de vista ou levar-nos a agir de formas irracionais.
A ansiedade e o stress, problemas muito comuns hoje em dia, são reminiscências de medos patológicos não processados. Não processados, ou porque os conseguimos identificar, mas não sabemos como lidar com eles, ou porque simplesmente estamos a fugir deles, a ignora-los ou recalcá-los por serem desagradáveis e desconfortáveis.
Tudo o que ignoramos volta para nos assombrar no futuro. É o equivalente psicológico a varrer o lixo para debaixo do tapete, até podemos deixar de o ver momentaneamente, mas ele ainda lá está e mais tarte ou mais cedo vai trasbordar.
Então, é essencial identificar o medo que está por traz de cada sentimento de stress ou ansiedade para determinar como lidar com o mesmo.
Como podemos fazer isto? Cada emoção tende a estar ligada a pensamentos e comportamentos, tomar atenção a estas conexões pode ser um bom começo.
A ansiedade, por exemplo, está por norma associada a pensamentos negativos desadaptativos.
“Eu não sou bom/boa o suficiente”
“E se algo der errado?”
“E se correr mal?”
“Vou falhar”
“Não consigo”
Estes são pensamentos criados pelo medo, quando tiramos tempo para os examinar de uma forma realista percebemos que a maioria (se não todos) são falsos.
Representam dúvidas alimentadas pela insegurança. Preocupações sobre o nosso futuro e as nossas capacidades.
O medo, na verdade, é a manifestação de um futuro que não existe. É uma possibilidade que a nossa mente inventa em relação a um determinado cenário, que pode ou não tornar-se realidade.
Na realidade, o medo não é mais do que uma história.
Uma história que criamos apenas porque não temos controlo real sobre o desenlace da situação em que embarcámos. Simplesmente não sabemos o que vai acontecer e as possibilidades levam-nos ao pânico.
Às vezes, lidar com o medo é aceitar o momento em que estamos, a informação que temos. É ter fé que temos o que é preciso para lidar com o que quer que venha, da melhor maneira possível.
Assim, o medo é algo que deve ser validado, experienciado, ouvido e avaliado. Temos o poder de decidir se a sua mensagem é ou não valiosa, se a queremos manter ou deixá-la ir.
Por vezes basta combater pensamentos negativos com positivos, basta ir em frente, mesmo com medo, não é essa a definição de coragem?
Basta sair da zona de conforto, e quando mais um medo for ultrapassado, celebrar as nossas vitórias, sabendo que o próximo não parecerá tão grande.
Afinal de contas, ultrapassámos todos os desafios que nos foram propostos até agora, o que é mais um?
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